Último dia! Veja onde fazer biometria em Salvador; 500 mil estão pendentes

Para quem ainda não cadastrou a biometria em Salvador, esta quarta-feira (31) pode parecer tão cinzenta quanto um fim de Carnaval. A festa do adiamento acabou, a luz da procrastinação apagou, mas o povo ainda não sumiu da fila do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). E agora?  Agora é hora de encarar as filas, que chegam a ter quase o mesmo tamanho do circuito do pré-Carnaval. Nas primeiras horas desta quarta-feira (31) a fila na sede do TRE no CAB já chega perto do Pituaçu.

Mas há outros blocos, ou melhor, postos para comparecer e ficar em dia com a Justiça Eleitoral na capital. Mais abaixo, veja uma lista de locais que ainda fazem o procedimento pendente para 500 mil soteropolitanos – ou 27% do total do eleitorado. No posto da Calçada, por exemplo, as senhas acabaram em dez minutos.

Segundo dados divulgados na manhã de hoje pelo TRE 519888 eleitores ainda precisam fazer o recadastramento biométrico. O atendimento para realização da biometria no posto do SAC da estação do metrô da Bonocô, nesta quarta-feira (31), foi marcado por revolta e confusão.  É que os mais de mil eleitores que aguardavam na fila acusaram funcionários do SAC de obedecer uma lista de chamada feita por um eleitor, sem a autorização do Tribunal Regional Eleitoral.

O atendimento, que começou por volta de 7h40, teve o apoio de quatro policiais militares. Procurado pelo CORREIO, o gerente do SAC, que se identificou apenas como Fábio, afirmou que a lista foi utilizada como um modo de “organizar a bagunça”. Ele, no entanto, afirmou que não daria mais detalhes acerca do atendimento, autorizado pelo TRE. “São 360 senhas para atendimento normal e 60 para atendimentos preferenciais”, se limitou a dizer.

Na fila desde às 14h de terça-feira (30), a vendedora Deise Silva, 33, temia não ter seu nome na lista. “Eu dei meu nome pro rapaz, mas até agora não fui chamada. Deixei meus filhos em casa, e agora estou com medo de ter perdido a viagem, contou ela, que mora na região da Bonocô. Após quase 19 horas aguardando, a vendedora continuava sem respostas. “Eu não estou aqui porque vou ganhar nada, estou aqui porque sou obrigada. Para agora ser te dessa maneira?”, indagou aos policiais.

Vizinha de Deise, a cuidadora de idosos Geovana Gonçalves, 34, também demonstrou preocupação. “Imagine você deixar dois filhos pequenos em casa só pra vir fazer a biometria, esperar por horas e descobrir que você pode não conseguir”, pontuou a eleitora, que também não havia sido chamada.

Pela terceira vez, a passadeira Marlene Santana, 43, esperou por horas, sem sucesso. “Me arrependi de ter vindo para cá, mas é porque fica perto. É um barato que sai caro, porque é um absurdo o que estão fazendo com a gente”, desabafou. Na fila desde a tarde de terça-feira, ela desistiu de realizar o procedimento. “Meu filho de seis anos está em casa dormindo sozinho, infeliz, eu não tenho como continuar aqui”, lamentou Marlene, que é moradora de Cosme de Farias.

Quem também demonstrou indignação foi a autônoma Kelly Ferreira, 30. Moradora de Brotas, ela levou colchão e também dormiu no local. “Eu não consigo me conformar com o fato de que eles [funcionamento do SAC] estão obedecendo uma lista que não é oficial. Eu não sou obrigada a dar o meu nome a um desconhecido. O TRE apoia isso?”, indagou a eleitora ao CORREIO.

Kelly também relatou ter presenciado muita gente vendendo lugar na fila. “Eu não trabalho para isso. Me recuso a pagar qualquer valor. Vi gente vendendo de R$ 30 a R$ 70, depende do lugar na fila”, contou. A reportagem presenciou os funcionários do SAC chamando os eleitores com auxílio de uma lista. Eles não confirmaram, porém, a origem do papel.

Reforço da polícia
Em nota, a Polícia Militar informou que as unidades operacionais  responsáveis pelo policiamento nos bairros onde ocorre cadastramento biométrico intensificam a presença policial nas filas e no entorno “com o objetivo de garantir o direito das pessoas serem atendidas, evitar a incidência de delitos e manter a ordem pública”.

“Na manhã de terça-feira (30), durante policiamento na fila de cadastramento biométrico do TRE no bairro da Calçada, a 16ª CIPM precisou atuar para controlar o tumulto que se formou depois que a quantidade de senhas distribuídas não ter sido suficiente para o público que estava na fila desde o dia anterior”, destacou a PM, em nota.

O último dia da biometria também chegou para outros 51 municípios baianos, que têm como opções para regularizar a situação, além de postos, cartórios em seus domicílios eleitorais. Em toda a Bahia – contando com Salvador -, são quase 1 milhão de eleitores em fase obrigatória do recadastramento biométrico que ainda não havia realizado o procedimento até terça. Quem não der as caras – e as dedadas – terá o título cancelado. Na sede do TRE-BA, no CAB, a única ‘colher de chá’ para os atrasados da biometria é que, quem chegar na fila antes das 18h desta quarta terá o atendimento garantido.

Paciência e confusão
Aproveitando o dia de folga, a garçonete Jeísa da Silva Pereira, 29 anos, chegou ao CAB às 7h30 desta terça com o marido, o pintor Wellington Pereira, 29, e, às 22h, ainda estava esperando ser atendida.

“É muito estressante ficar o dia todo em pé, debaixo do sol. O banheiro é sujo…”, reclamou Jeísa, que esperava ir para casa, depois do atendimento, por volta das 23h, o que totalizaria 16 horas de espera.

Por conta do estresse e do receio de não fazer a biometria a tempo, houve confusão em um dos postos do SAC, nesta terça. Foi na Estação Ferroviária da Calçada, e a Polícia Militar teve que aparecer para conter “um tumulto” depois que a quantidade de senhas distribuídas não ter sido suficiente para o público que estava na fila desde a segunda-feira.

Já no metrô da Estação Pirajá não houve confusão, mas a fila foi tão grande que se estendeu pelas passarelas de pedestres que dão acesso ao local.

Consequências
Com o cancelamento do título, o eleitor não poderá votar nas Eleições 2018. Além disso, ficará impossibilitado de tirar passaporte, tomar posse em concurso público, renovar matrícula em instituição de ensino e receber auxílios do governo. Esses impedimentos estão previstos no art. 7º do Código Eleitoral.

Vale lembrar que a convocação oficial para a revisão teve início em fevereiro de 2017, porém já vinha sendo amplamente divulgada na imprensa desde novembro de 2016, sendo o assunto uma constante em sites, jornais, rádios e TVs. Em Salvador, o serviço para o cadastro biométrico é disponibilizado desde 2014.

O objetivo principal da biometria é garantir ainda mais segurança durante o processo de votação eletrônico. O sistema biométrico é preparado para identificar uma pessoa, por meio da assinatura, das impressões digitais e do reconhecimento de face.

Atendimento
Para ser atendido, o cidadão precisa apresentar original de um documento oficial com foto e comprovante de residência atualizado (emitido há, no máximo, três meses).

Na sede do TRE-BA, os atendimentos ocorrem por demanda espontânea, ou seja, por ordem de chegada e sem distribuição de senhas. Além do órgão eleitoral, mais sete postos atendem por demanda espontânea, porém pela dinâmica das senhas. Veja os locais:

Confira os documentos necessários para fazer o cadastramento biométrico:
– Documento oficial de identificação com foto (Ex.: original e cópia de RG, CNH, Carteira Profissional, Passaporte, Carteira de Reservista ou Certificado de Alistamento Militar);

– Comprovante de residência atual original e cópia (emitido há, no máximo, três meses), no nome do eleitor ou de um parente, devendo comprovar o parentesco;

– Documento comprobatório de alterações de dados pessoais, se houver (Ex.: original e cópia da certidão de casamento com homologação de separação, sentença judicial etc.);

– Se for tirar o 1º título eleitoral, necessita-se ainda da original e cópia do comprovante de quitação do serviço militar (para homens com idade entre 18 e 45 anos).

– A CNH (Carteira Nacional de Habilitação) não é válida como documento de identificação para o alistamento eleitoral (1º título de eleitor) por não conter nacionalidade/naturalidade, assim como o Passaporte, por não conter a filiação.

– O eleitor que tiver o título eleitoral anterior deve levá-lo na hora de fazer o recadastramento biométrico. Caso o tenha perdido não é necessário levar boletim de ocorrência.

–  Antes de comparecer ao cartório, é necessário ao eleitor consultar a existência de débitos com a Justiça Eleitoral. Para isso, bastará acessar o site (www.tre-ba.jus.br). A pesquisa é feita, por meio do menu principal, seguindo o caminho: Eleitor > Débitos do eleitor. Caso exista débito, a multa deverá ser paga previamente. O comprovante de pagamento deverá ser apresentado no momento do atendimento.

Fonte: Correio*