Quarentão, Polo expande atividades para seguir crescendo

 

Em junho de 1978, quando entrou em operação, o Polo de Camaçari erá só petroquímico. Assim, o maior complexo industrial do tipo ficou conhecido e ainda é chamado por muitos baianos. Mas hoje, a cadeia petroquímica, apesar de ainda despontar como carro-chefe do complexo, divide lugar com muitas outras atividades que florescem em Camaçari e ajudam a cidade industrial a despontar como uma das mais importantes para a economia baiana.

Hoje, Camaçari abriga empresas da área automotiva, fabricantes de pneus, celulose solúvel, metalurgia do cobre, têxtil, fertilizantes, energia eólica, fármacos, bebidas e serviços.

Primeiro complexo planejado do país, criado com a promessa de empregos e de promover o crescimento econômico da Bahia, o Polo completa 40 anos com o desafio de se manter como motor para a economia da Bahia.  São mais de 90 empresas instaladas, empregando 45 mil trabalhadores em diversos segmentos e gerando R$ 1 bilhão por ano em arrecadação de Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) para a Bahia. Com tudo isso, o complexo responde por mais de 20% do total de riquezas do estado.

São mais de 90 empresas instaladas empregando 15 mil trabalhadores (Foto: Arquivo CORREIO)

Recém-chegado
O hoje presidente da fábrica de torres eólicas Torrebras, Álvaro Carrascosa, era um garoto quando o pai dele participou do processo de implantação de uma das primeiras empresas do Polo. No início, o local abrigava 40 empresas. De lá pra cá muita coisa mudou, o empreendimento se diversificou.

O Polo nasceu, incialmente, para atender à indústria petroquímica, mas ampliou os horizontes e se tornou o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul.

“A chegada da indústria automobilística e do setor eólico, nos anos 2000, deu maior musculatura para o Polo e ajudou a manter a atmosfera industrial. São atividades que se complementam. Agora, vejo um cenário positivo para o Polo porque se esses setores crescerem, a economia da Bahia tem tudo para crescer também”, diz Carrascosa.

São produzidos entre 250 mil e 300 mil carros por ano (Foto: Arquivo CORREIO)

Polo de investimentos
A Cervejaria Ambev informa que investiu R$ 500 milhões na Bahia nos últimos cinco anos. A unidade em Camaçari emprega 1,5 mil funcionários. Além dos investimentos em produção, a empresa disse em nota que entre 2013 e 2017 investiu R$ 1 bilhão para atingir as metas ambientais estabelecidas pela AB InBev. Em março, ela divulgou que pretende garantir 100% da eletricidade comprada de fontes renováveis até 2025.

“Iniciativas ligadas à sustentabilidade, preservação do meio ambiente, eficiência hídrica e preservação da água, que são prioritárias para a cervejaria, também ganham atenção na Bahia. Na unidade de Camaçari, por exemplo, praticamente 100% dos subprodutos gerados na fabricação de cervejas e refrigerantes são reaproveitados, diminuindo o impacto no meio ambiente”, destaca a Ambev.

A empresa conseguiu reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o consumo de água e de matérias-primas e adquiriu refrigeradores de modelos ecológicos, que garantem uma economia de até 30% de energia na comparação com os tradicionais, que ficam dispostos nos pontos que vendem produtos da companhia, como bares e restaurantes.

Polo representa 20% do PIB da Bahia (Foto: Arquivo CORREIO)

O futuro do Polo
Para o superintendente-geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira, a integração entre as diversas empresas é o diferencial do Polo em relação a outros empreendimentos. Ele contou que o Senai Cimatec está fazendo um estudo, a pedido do Cofic, para identificar as ameaças e oportunidades de crescimento do negócio.

“Nossa preocupação, hoje, é com a competitividade, uma preocupação que vai além dos setores que representam a indústria porque esse é o tipo de perda que provoca também a perda de postos de trabalho e de renda. É uma questão que está sendo discutida por toda a sociedade”.

Pereira disse que ainda não foram estabelecidas metas para os próximos anos e que o Polo precisa lutar contra o processo de desindustrialização, pelo qual o Brasil está passando, se quiser continuar crescendo. Atualmente, o negócio tem faturamento  de cerca de US$ 15 bilhões/ano.

Integração
Uma característica que ajudou a tornar o Polo interessante para investidores lá em 1978, e que ainda funciona como um diferencial competitivo hoje é a oferta de serviços integrados. Este é caso da Cetrel. Fundada junto com  o complexo petroquímico, a empresa é hoje a maior no ramo de Engenharia Ambiental da América Latina e cresceu dando suporte às empresas instaladas em Camaçari.

Apenas a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), uma das quatro  áreas de atuação da Cetrel atualmente, atende quase todas as indústrias do Polo. “Quem opera aqui na região não precisa se preocupar em construir uma área para isso porque nós prestamos o serviço”, explica Luis Mario Chavez. As empresas economizam e o Polo se torna mais atrativo. A ETE tem capacidade de tratar quase 150 mil toneladas de resíduos por dia. É o equivalente ao esgoto produzido pela Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Desafios
Nada está tão bom que não possa melhorar. É assim que pensam os empresários e representantes de instituições ligadas à indústria na Bahia sobre o Polo Industrial de Camaçari.

O assessor da Gerência de Relações Governamentais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Maurício Pedrão, acredita que Polo precisar fazer melhorias na infraestrutura, logística, produção, qualificação da mão-de-obra e questões fiscais se quiser continuar competitivo.

 “Não adianta ter uma boa produção, se não tivermos uma logística que permita o escoamento rápido desses produtos e a competitividade com outras empresas, por exemplo. A logística, assim como a infraestrutura e a mão-de-obra qualificada, é fundamental para o desenvolvimento da indústria, em qualquer seguimento”, disse.

Tanto Pedrão como empresários ouvidos pelo CORREIO destacaram a necessidade de ampliação do Porto de Aratu. O presidente da fábrica de torres eólicas Torrebras, Álvaro Carrascosa, lembrou dos impactos causados pela greve dos caminhoneiros no final de maio. “Naquele momento vimos, na prática, o quanto a ampliação do porto é uma necessidade urgente”, disse.

O superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira, disse que a falta de uma malha ferroviária extensa também é um entrave ao desenvolvimento.

A titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE), Luiza Maia, disse que a reforma e ampliação do Porto de Aratu está sendo discutida pelo governo. Ela destacou investimentos feitos em infraestrutura de acesso ao Polo, como a duplicação da Via Parafuso e de todo o sistema BA093, e a reforma da Via Atlântica e da Cascalheira, como exemplos de investimentos já realizados.

Relevância

O Polo Industrial de Camaçari é responsável por gerar R$ 1 bilhão em ICMS para o estado, informa a titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE), Luiza Maia. Esse número representa mais de 20% da receita e 30% das exportações baianas, além de impactar em 90% da arrecadação de Camaçari.

Os investimentos no empreendimento, que era de US$ 12 bilhões até 2008, saltou para US$ 16 bilhões em 2011, e superou os 18 US$ bilhões a partir de 2016. O espaço abriga atualmente mais de 90 empresas, sendo 35 unidades industriais químicas e petroquímicas, e 18 parceiras no Complexo Ford. Elas são responsáveis por 45 mil empregos, sendo 15 mil deles diretos e 30 mil através de unidades contratadas.

“Hoje, existem cerca de 40 empreendimentos interessados em se instalar na Bahia, a maioria deles no Polo de Camaçari. Na época em que ele foi instalado foi uma luta para conseguir trazê-lo para a Bahia porque haviam outros estados interessados. Hoje ele é fundamental para o desenvolvimento do estado e importantíssimo para a nossa economia como fonte de renda e de emprego”, afirmou Maia.

A secretária disse que o governo tem adotado como estratégia oferecer incentivos fiscais para atrair novas empresas. Atualmente, a negociação mais avançada envolve uma empresa de energia eólica alemã que demonstrou interesse em instalar uma filial no Polo.

Para marcar a data, hoje representantes do Cofic, empresários, autoridades públicas e representantes da indústria realizam um fórum para discutir Os Desafios Competitivos do Polo Industrial de Camaçari, às 8h30, no Teatro Cidade do Saber, em Camaçari.

 

 

Fonte: Correio*

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