Polícia Federal prende desembargadora do TJ-BA nesta sexta
A Polícia Federal prendeu preventivamente, na manhã desta sexta-feira (29), a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em nova fase da Operação Faroeste, que investiga um esquema de corrupção e venda de sentenças.
A ordem de prisão foi expedida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Og Fernandes, relator do caso, após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O magistrado também converteu, nesta sexta, as prisões temporárias cumpridas na semana passada em preventivas, com exceção do juiz Sérgio Humberto, preso no último sábado (23).
A Polícia Federal encontrou no quarto da desembargadora cerca de R$ 100 mil em espécie, sendo que, do total, foram encontrados R$ 56,5 mil, 9 mil euros e 200 dólares. A operação foi realizada em duas residências da desembargadora, uma delas no bairro do Canela, em Salvador, além do gabinete na sede do TJ-BA.
Em uma das residências, ainda foi encontrado um grande estojo do tipo mostruário com “adornos femininos, contendo colares, anéis, relógios, brincos”, além de três relógios Rolex. A Polícia Federal não constatou se os relógios são réplicas ou originais. Durante a busca e apreensão também foram encontrados muitos quadros na casa.
Na denúncia do Ministério Público Federal (MPF), consta que o padrão de vida ostentado pela desembargadora, “com muitos adornos, aparentando joias, dinheiro em espécie de grande monta, obras de arte, bolsas, é acima do que seria esperado para uma servidora pública”. No quarto de outra residência de Maria do Socorro foi apreendido um colar de ouro, com aparente alto valor de mercado.
Já no gabinete do TJ-BA foram apreendidos sete canhotos de talões de cheques do Banco Bradesco, com referência a pagamento aos artistas plásticos Tati Moreno e Sérgio Amorim. No gabinete também havia diversas obras de arte, inclusive duas assinadas por Sergio Amorim e duas de Bel Borba.
A polícia também apreendeu duas pastas pretas com documentos diversos, identificadas como “contas 2019”, com comprovantes de pagamento a compras de joias e acessórios, além de outras despesas como o pagamento de IPTU de imóveis “supostamente pertencentes”, a desembargadora, nas seguintes localidades: “Canela, Praia do Flamengo, Graça, Praia do Forte, Penha e outro denominado São Gonçalo dos Campos”.
Maria do Socorro foi ex-presidente do TJ-BA e é suspeita de integrar o esquema de venda de decisões judiciais no tribunal, que permitiu grilagem de terra no oeste da Bahia. De acordo com a investigação, ela movimentou cerca de R$ 17 milhões entre 2013 e 2019, parte dos valores sem origem comprovada.