Pivô de esquema de corrupção no TJ-BA transferiu R$ 11 mil para esposa de Barbosa, diz PGR
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Exonerado do cargo após ser alvo da Operação Faroeste, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, manteve contatos telefônicos com empresários ligados a Adailton Maturino, pivô do esquema de corrupção de grilagem de terras envolvendo desembargadores do Tribunal de Justiça baiano, informa reportagem do jornal O Globo. Segundo a publicação, Maturino chegou a transferir R$ 11 mil de um outro empresário para a conta bancária da esposa de Barbosa. A defesa do secretário nega as acusações.
A suposta transação consta de uma lista de provas que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), revela a reportagem. Ainda de acordo com o jornal O Globo, na avaliação da PGR, contatou-se uma relação de proximidade entre o secretário de Segurança e empresários investigados no suposto esquema.
A PGR suspeita que Maurício Barbosa atuou para blindar esses empresários de investigações em andamento na Polícia Civil e no Ministério Público. Ele também é apontado como possível operador de grampos ilegais da Secretaria de Segurança Pública.
Conforme a reportagem, a manifestação da PGR, de 201 páginas, foi feita ao STJ para pedir a prisão temporária, afastamento do cargo e busca e apreensão contra Barbosa. O ministro do STJ Og Fernandes, no entanto, autorizou apenas a busca e apreensão e o afastamento dele do cargo, por 180 dias.
Chamou atenção dos investigadores a relação entre Barbosa e Maturino, preso em novembro de 2019 na primeira fase da Operação Faroeste. Apontado como falso cônsul de Guiné Bissau, Maturino teria cooptado magistrados para proferirem decisões a seu favor em disputas de terras no oeste do estado. De acordo com O Globo, Maurício Barbosa participou pessoalmente de uma cerimônia em agosto de 2018 na qual entregou o título de “Amigo da PM” da Bahia a Adailton Maturino.
“A gravidade da cooptação da Secretaria de Segurança Pública baiana por células criminosas em atuação junto ao sistema de Justiça foi, minudentemente, analisada pela Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise – SPPEA/PGR, com a identificação da vinculação do Secretário de Segurança Pública MAURÍCIO BARBOSA e sua chefe de gabinete GABRIELA CALDAS, com diversos investigados, nos períodos que margeavam o cumprimento de medidas judiciais sigilosas nas Operações Oeste Legal, Immobilis, Leopoldo e Vortigen, a caracterizar eventual criação de verdadeira célula criminosa policial em benefício do crime”, escreveu a PGR, segundo O Globo.
Maurício Barbosa comandava a secretaria de Segurança Pública da Bahia desde 2011, na gestão do ex-governador Jaques Wagner (PT), e foi mantido no cargo por seu sucessor Rui Costa (PT).
Defesa ‘refuta com veemência’
Em nota, advogados do secretário afirmaram ao jornal O Globo “refutar, com veemência, o envolvimento do seu nome feito de forma açodada, sem que haja qualquer indício comprovado que indique a sua participação nos mesmos fatos”.
Prossegue a nota: “A sua história de vida, o seu passado, atestam a sua inocência, além de servirem como respaldo para dirimir quaisquer dúvidas que pudessem pairar sobre a lisura de sua conduta. Apesar de encontrar-se extremamente abalado com o ocorrido, e tomando conhecimento da r. decisão que determinou o seu afastamento do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, à qual se submete e cumprirá respeitosamente na sua integralidade, mantém-se confiante em que o desdobramento das investigações levará, indubitavelmente, à improcedência das suspeitas que pairam neste momento, evitando, assim, prejulgamentos apressados e sem base em fatos verídicos. Acima de tudo, confia na Justiça e nas suas decisões, sobretudo por guardar a viva certeza da sua absoluta inocência nesse lamentável episódio”.
De acordo com a reportagem, ao ser questionada sobre os pontos específicos da matéria, a defesa de Barbosa respondeu que aguarda o levantamento do sigilo dos autos para só depois se pronunciar a respeito de detalhes da investigação.