Missas, caruru e shows marcam programação da Festa de Santa Bárbara; confira

O Pelourinho é palco nesta quarta-feira (4) para uma das manifestações mais tradicionais da Bahia: a Festa de Santa Bárbara. Milhares de pessoas vestidas de branco e vermelho se reúnem no Centro Histórico de Salvador para celebrar a devoção à padroeira dos bombeiros e dos mercados.

A Festa de Santa Bárbara é uma realização da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, com apoio da SecultBa, através do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e do IPAC.

A programação da festa em 2024 começou às 6h com alvorada festiva, na Igreja de Nossa Senhora Rosário dos Homens Pretos; seguida por salva de clarins, às 8h, na sacada da sede do CCPI e missa campal no Largo do Pelourinho. Após a missa, ocorre a procissão com sete andores decorados com santos católicos pelas ruas do Centro Histórico.

No turno da tarde, o público vai poder conferir shows gratuitos nos largos Tereza Batista, Quincas Berro D’Água, Pedro Archanjo e no Pelourinho.

Programação

No palco principal da Festa (Largo do Pelourinho), os shows começam às 14h30, com a cantora Illy e o projeto “Samba de Djanira”, que apresenta os clássicos do samba nacional. Às 16h30, quem sobe ao palco é a cantora Marcia Short, com o show “Portal Black”, no qual a artista exalta as vozes da MPB (Música Preta Brasileira). Encerrando a programação no Largo do Pelourinho, às 18h30, sobe ao palco o Samba de Oyá, grupo feminino que faz reverência aos orixás em seu repertório. A festa será comandada pelo mestre de cerimônia Jorginho Commancheiro.

No Largo Pedro Archanjo, a cantora Silvia Britto sobe ao palco, às 11h, na sequência, às 13h30, é a vez do grupo Bambeia se apresentar e o encerramento da festa no largo será às 15h30, com o grupo de samba O Pretinho e o show “Eparrey Oyá”. No Largo Tereza Batista, às 14h, DJ Raffa Maciel faz a abertura do show do Grupo Movimento, que começa às 16h30. Já no Largo Quincas Berro D’Água, as apresentações iniciam às 14h, com Viola de Doze e às 16h30, com o grupo Catadinho do Samba, formado por moradores e ex-moradores do Pelourinho. Todos os shows são gratuitos.

A Festa de Santa Bárbara abre o calendário de festas populares da Bahia e reúne milhares de fiéis que vão às ruas do Pelourinho e do Centro Histórico para saudar a santa católica, padroeira dos bombeiros e dos mercados, e também para reverenciar a Orixá Iansã. As duas entidades, uma de tradição católica e a outra de matriz africana, estão associadas às cores vermelho e branco e às mulheres guerreiras e valentes. É comum, durante a festa, escutar o público saudar a santa e a orixá com expressões como “Amém!” e “Eparrei!”.

Patrimônio

Em 2024, a Festa de Santa Bárbara completa 383 anos de existência. Iniciada no século XVII, desde 1641, quando o casal de portugueses, Francisco Pereira do Lago e Andressa de Araújo, fizeram uma promessa no Morgado de Santa Bárbara, no bairro do Comércio, ao pé da atual Ladeira da Montanha. A manifestação passou a ser Patrimônio da Bahia em 2008 via Decreto nº 11.353 do Governo da Bahia.

O roteiro começa no Largo do Pelourinho e depois uma procissão segue para o Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Praça Municipal, Ladeira da Praça, parando na sede do Corpo de Bombeiros, na Praça dos Veteranos, seguindo na Baixa dos Sapateiros até o Mercado de Santa Bárbara e voltando ao Largo do Pelourinho onde os andores com os santos ficam por um tempo à espera de fiéis e devotos.

História

A Festa de Santa Bárbara remonta ao ano de 1639, quando o casal Francisco Pereira e Andressa Araújo construiu capela devocional no comércio às margens da Baía de Todos os Santos, em Salvador. Desde então a festividade, transferida para o Pelourinho, tornou-se não somente fonte de fé para católicos como também para adeptos da religiosidade de matrizes africanas, que chegam de diversos estados brasileiros e até de fora do Brasil para participar da festa e procissão em Salvador.

A programação inclui tríduo de celebrações eucarísticas e termina na Igreja do Rosário dos Pretos. A igreja e seus bens móveis, como as imagens dos santos, pinturas do teto e azulejos foram restaurados pelo IPAC ao custo de R$ 2,6 milhões no início da década de 2010. Autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBa), o IPAC recebeu nessa época recursos do Tesouro Estadual e do programa federal Prodetur, financiamento do Banco Interamericano, via Ministério do Turismo e Secretaria do Turismo, e investimento do Banco do Nordeste.

A exposição permanente que existe no corredor lateral da Igreja do Rosário dos Pretos também aconteceu graças ao Edital de Museus do IPAC. A mostra é uma homenagem à Irmandade e à Venerável Ordem Terceira do Rosário às Portas do Carmo, nome da entidade, fundada por descendentes de escravos e ex-escravos que construíram a igreja.

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