Fundo destina R$ 3 bi para a agropecuária da Bahia, recursos já estão disponíveis

Mais de R$ 3 bilhões estão sendo disponibilizados neste segundo semestre para os agricultores e pecuaristas da Bahia através dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o FNE. A informação foi confirmada ontem (4/7) pela presidência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), principal operador do sistema público, durante a abertura do XXIII Encontro Regional de Economia e do XXIV Fórum BNB de Desenvolvimento, que está sendo realizado em Fortaleza, Ceará.
Este ano, um total de R$ 30 bilhões foram reservados para os 9 estados do Nordeste; dos quais R$ 16 bilhões já foram contratados. Dos R$ 14 bilhões que restam, quase 22% dos recursos irão para a Bahia. Segundo o Presidente do BNB, Romildo Rolim, “historicamente o FNE destina boa parte dos recursos para o agronegócio, do pequeno agricultor à empresa de grande porte. Este é um ano promissor, as nossas esteiras estão lotadas, as taxas são competitivas e todos os funcionários estão empenhados para cumprir a meta dentro da ética, sem concentração de renda, na conformidade, com integridade, dentro do nosso papel de banco de desenvolvimento da região”.
No primeiro semestre, o Estado da Bahia já havia recebido outros R$ 3 bilhões de reais em investimentos do FNE em operações vinculadas ao crédito rural, investimento ou custeio da produção. Uma das justificativas para o grande direcionamento dos recursos está na forte produção agropecuária do Estado. Só o setor algodoeiro do Oeste foi beneficiado com R$ 2,02 bilhões em concessão de crédito.
O BNB possui 59 agências na Bahia e foi o responsável pela distribuição de 64,5% dos recursos do governo federal destinados à agropecuária em 2018.
O anúncio ocorre no momento em que o FNE completa 30 anos. O Fundo foi criado através da Constituição Federal de 1988 para reduzir as desigualdades regionais por meio da concessão de crédito ao setor produtivo e da geração de emprego e renda.
Nas últimas 3 décadas, o FNE injetou R$ 224 bilhões na economia do Nordeste, oferecendo opções de financiamento para microempreendedores individuais, empresas, produtores, associações e cooperativas. Ao longo da história, 44% destes investimentos foram destinados a agropecuária.
Futuro em debate
Durante o Fórum de Desenvolvimento, que vai até hoje (5/7), também estão sendo discutidos assuntos ligados à economia, como a modernização do Agronegócio, os efeitos dos investimentos em infraestrutura no Nordeste e os novos instrumentos de inclusão financeira para o acesso ao crédito.
Sobre o potencial da agropecuária, o coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, destacou a importância da tecnologia e da ciência na busca de formas sustentáveis de produção.
“As novas tecnologias e a intensificação do sistema de Integração Pecuária – Floresta aumentaram a nossa capacidade de produção em áreas já cultivadas, e diminuíram a necessidade de desmatamento de outras áreas. Isso fez com que muitas regiões fossem preservadas. Nós temos terra, tecnologia e gente competente. O nosso desafio é demonstrar para o povo brasileiro urbano e rural que somos um só. Um depende do outro. Temos uma relação siamesa e isso precisa ser valorizado. Unidos podemos transformar o Brasil no maior produtor mundial de alimentos do mundo”, defende Rodrigues.
O agronegócio é responsável por 22% do PIB nacional. Ano passado representou 44% do valor das exportações brasileiras. Mas as questões de infraestrutura, consideradas fatores de competitividade e desenvolvimento, ainda são um entrave. Em muitos polos agrícolas, a Infraestrutura deficitária prejudica o escoamento da produção.
Em áreas interligadas com a zona urbana, a situação se repete. Dados do Ministério das Cidades mostram que só 18% dos municípios, em 2017, entregaram planos ou apresentaram projetos de saneamento básico, sejam na área urbana ou em zonas rurais.
Ainda segundo dados do governo federal, 70% das obras públicas de infraestrutura são atendidas por empresas com grandes volumes de perdas, que muitas vezes não conseguem cumprir os contratos e finalizar as obras.
Para a Diretora do Centro de Regulação em Infraestrutura da FGV, Joisa Campanher Saraiva, “a indústria de infraestrutura precisa ser atendida do ponto de vista das boas práticas regulatórias, com estabelecimento de condições de prazo e de risco. Os negócios precisam ser realizados de forma diferente. Não se trata apenas de alocar recursos, mas cobrar também a eficiência desta aplicação”.
Pesquisas apontam que em investimentos públicos, as obras de infraestrutura levam, em média, mais de 8 anos para serem finalizadas. Em obras privadas são 6 anos em média. Em ambos os casos, não raro, ao final do prazo planejado a obra não é entregue. “É preciso pensar estes investimentos para que eles possam promover os ganhos socais, a eficiência, a melhoria do desenvolvimento humano. Repensando a política operacional, para conceber um projeto que atenda a sua vocação”, acrescenta a pesquisadora.
Fonte: Correio*