Endividados já somam 56,4 milhões no país
Após a explosão da oferta de crédito e o aumento do poder de compra do consumidor, o fantasma do endividamento assombra 56,4 milhões de brasileiros. No total, as dívidas em atraso somam cerca de R$ 243 bilhões.
Os dados foram levantados no final do mês de julho deste ano pelo Serasa Experian, que fez a pesquisa com 1.244 consumidores. Conforme estudo, a inadimplência aumentou em relação a junho de 2014, quando 54,1 milhões de brasileiros estavam negativados.
De acordo com a advogada Fabiana Prates, especialista em direito cível e do consumidor, o principal dano do endividamento é o pagamento de juros crescentes, cada vez mais.
“Quanto maior o endividamento e a necessidade do crédito, maior a taxa de juros ao consumidor. Por isso, o cidadão precisa se planejar a longo prazo e rever contratos”, orienta.
Fabiana diz, ainda, que o endividado tem a opção de buscar auxílio de advogado para esclarecê-lo sobre contratos com banco, financeiras, contas abusivas. “É possível que a pessoa que deve se surpreenda ao constatar que sua dívida não é tão grande quanto imaginava. Isso é muito comum”, diz ela, ao se referir a juros, taxas e cobranças indevidas.
Lista
O aumento de 2,3 milhões de pessoas na lista dos inadimplentes, segundo dados do Serasa Experian, parece ter disparado no decorrer deste ano, já que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, por meio da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em janeiro deste ano, aponta queda na inadimplência.
Conforme levantamento, houve redução no percentual de famílias inadimplentes em relação a janeiro de 2014, quando esse indicador alcançou 19,5% do total.
Os dados foram coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores. Assim, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar contas ou dívidas em atraso (os inadimplentes) teve alta apenas na comparação mensal, recuando em relação ao mesmo período do ano anterior e alcançando 6,4% em janeiro de 2015, ante 5,8% em dezembro de 2014 e 6,5% em janeiro do ano passado.
As principais dívidas contraídas por consumidores são as provenientes do cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestação de carro, seguros, entre outros.
Para o advogado Ricardo Maurício Freire Soares, pós-doutor em direito, as pessoas precisam evitar “armadilhas” e fugir das ofertas “tentadoras”, pois a realização de novos empréstimos, especialmente os contraídos para quitar dívidas antigas, correm o risco de virar uma bola de neve, já que os juros podem ser mais altos, acarretando em um acúmulo de débitos.
Segundo ele, quando o consumidor precisar financiar o débito, é imprescindível que solicite antes o cálculo do valor da dívida (custo efetivo total – CET). “Assim ele estará consciente de quanto irá pagar ao final. O consumidor também não deve se basear na possibilidade de ganhos futuros para quitar uma dívida e deve fazer planejamento com seus rendimentos fixos”.
Fonte: A Tarde